Fortalecendo

8 de julho de 2011

Me abrace


Caio
Como você está hein? Há dias não nos falamos, não é mesmo? Três dias para ser mais exata. Desde a última carta. Que bom que tu vieste! Bem... nesses dias frios como tem sido estes últimos me sinto um tanto carente, tu bem sabes disso e além do mais a tpm consegue me deixar um pouco mais carente que o normal nesses dias. Fico agitada, sentindo aquele velho aperto no peito. Bom. Tu também sabe como fico nervosa e nada está bem pra mim.
Acho que só tu é que entendes que quando estou me sentindo assim, seja por conta da tpm ou dos dias desse inverno aqui no sul, tudo que desejo é abraço. Abraço e um chimarrão à beira do fogão à lenha. Aquele mate que tu toma em silêncio, olhando pro nada ou então pras labaredas no fogão. Pensando mil coisas, relembrando antigas dores... 
Esse frio tem o dom de me deprimir um pouco... bendito inverno! É tão difícil atravessar agosto, mas é tão lindo! O inverno é a época mais bonita do ano. A que mais mexe comigo, de alguma forma. Deve ser porque é a época em que saio menos de casa. 
O aconchego de casa não me permite sentir vontade de colocar os pés na rua para nada além do necessário. E fico em casa pensando, matutando tantas coisas. Talvez seja esse ócio que me faça sentir aquele aperto no peito. 
Ontem saí, Caio. Fui até o lado oeste da cidade visitar uma pessoa, já que não consegui telefonar. Acho que nem preciso mencionar o nome da pessoa, afinal já falamos tanto sobre ele não é mesmo? 
Ele tem sido o sol nesses meus dias tão nublados, Caio. Ele tem sido essencial para que eu não enlouqueça com todos os acontecimentos da minha vida. Como pode ele ser capaz de me acalmar, mesmo da maneira mais estranha e inesperada? Você já amou alguém assim, Caio? 
Hoje falei com uma amiga que contou que certo dia leu um estudo que afirmava que após 70 dias de relacionamento a paixão acaba. Já fazem mais de 120 dias e eu continuo sentindo toda aquela empolgação dos primeiros dias. Será que a paixão resistiu? Será que evoluiu para o amor? 
Ah quanta coisa para pensar... quanta coisa pra sentir. Outras tantas para viver. Viver. Viver... será que de agora em diante viverei, além de sobreviver? 
Porque sobreviver é coisa que qualquer um consegue. Mas viver...  ah, viver é bem mais complicado. Viver exige entrega total. Desprendimento. Tenho vivido dias lindos, como já te disse outro dia, mas quando entro aqui, nesse quarto de paredes desgastadas pelo tempo, é impossível que eu não me sinta um tanto quanto fracassada. 
Deve ser o frio. É. O frio sempre me deprimiu um pouco. E hoje estou de tpm, por favor entenda. Não diga nada, apenas me abrace. Me abrace e vem tomar comigo um chimarrão. Pra aquecer o corpo. Aquecer a alma. 
Fica aqui esta noite, Caio. Está muito frio pra seguires ainda hoje para Curitiba. A nossa amiga te espera, eu sei bem, mas dorme aqui esta noite. Te aquece. Me abrace. 
Boa noite, Caio.