Fortalecendo

2 de maio de 2010

Saber voar


Queria saber voar para quando me sentisse assim, com a alma em pedaços, pudesse alçar vôo em direção ao novo. Queria saber voar para quando me pisassem o coração pudesse simplesmente bater asas e me afastar de tudo que me fere. Voar livre, leve, sem direção, sem horário de partida nem de chegada.
Quando me sangrasse essa eterna ferida, queria poder sair por aí, planando sobre bosques e jardins floridos. Pousar calmamente num galho de uma laranjeira qualquer e ali ficar, até por em ordem os pensamentos. Até sentir a paz necessária para continuar vivendo no caos diário de não saber quem se é de verdade. Pousar sobre um ramo de capim à beira de uma estrada deserta, ou de um lago, talvez, e permanecer ali até encontrar algum sentido para a vida naquele turbilhão de sentimentos confusos e desconexos.
Queria ter asas. Asas que pudessem me levar para longe de tudo e de todos quando me faltasse o ar para respirar. Quando me sentisse do tamanho de um grão de areia. Um grão de areia levado pelo vento... Pequeno, minúsculo, perdido na imensidão. Assim me sinto no momento em que mais desejo ter um belo par de asas que me salvasse de quem eu sou. Daquilo que sinto. Daquilo que esperam que eu seja, daquilo que finjo ser.
Queria saber voar apenas. E só. Ser livre enfim, de mim.

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