Fortalecendo

22 de janeiro de 2011

Sobre crescer (ou sobre ser criança)


Aquilo a amedrontava um pouco. Ah, por favor! Ela queria enganar a quem? Aquilo a deixava em pânico. Queria ter a mão de alguém pra segurar. Alguém que lhe dissesse como fazer. Que lhe dissesse que ficaria tudo bem. Mas não tinha.
Era difícil demais ser adulto, concluia agora. Quando era criança sempre imaginava sua vida de adulta.  Moraria no segundo andar de um pequeno prédio, teria uma poltrona vermelha e um enorme sofá branco. A grande porta de vidro da sacada da frente deixaria o sol entrar de manhã, fazendo o assoalho parecer mais brilhante.  Vestindo uma camisa branca ela tomaria sua xícara de café debruçada na janela. Descalça.
Era tudo perfeito naquela cabecinha. Porque na vida real não era assim? Cadê o assoalho de madeira iluminado pelo sol da manhã? Cadê a paz daquelas situações que ela imaginava?
Ser adulto é cruel... Nos deixa vulneráveis, à mercê das escolhas que somos obrigados a fazer.  Toda ação gera uma reação. Cada escolha, uma renúncia. E nem sempre escolhemos corretamente. Por vezes as conseqüências das nossas escolhas nos perseguem por muito tempo. Fazem-nos perder nosso bem mais precioso e não tem como voltar atrás. Nem seria digno voltar atrás. O que foi feito, feito está e nada altera isso.  
O que fazer é que é o problema. Como fazer... Por onde começar. É aqui que ela sente falta de ter um adulto responsável pra segurar sua mão e dizer “faça assim, faça assado”, menininha. É tão mais fácil ter alguém em quem se apoiar.
Não é que ela quisesse que lhe resolvessem os problemas, mas sentia falta da segurança que se tem quando se é criança. Alguém a quem recorrer, caso precise. Já não era mais aquela guriasinha correndo com seu casaquinho branco nas tardes de inverno. Já não costumava brincar no balanço da pracinha... Era agora adulta. E isso pesava.

2 comentários:

K. disse...

Parabéns Paulinha!! lindo post...
^^ Lindo miga..

K. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.