Fortalecendo

17 de outubro de 2010

"Tudo
isso me perturbava porque eu pensara até então que, de certa forma, toda minha
evolução conduzira lentamente a uma espécie de não-precisar-de-ninguém. Até
então aceitara todas as ausências e dizia muitas vezes para os outros que me
sentia um pouco como um álbum de retratos. Carregava centenas de fotografias
amarelecidas em páginas que folheava detidamente durante a insônia e dentro dos
ônibus olhando pelas janelas e nos elevadores de edifícios altos e em todos os
lugares onde de repente ficava sozinho comigo mesmo. Virava as páginas
lentamente, há muito tempo antes, e não me surpreendia nem me atemorizava
pensar que muito tempo depois estaria da mesma forma de mãos dadas com um outro
eu amortecido — da mesma forma — revendo antigas fotografias. Mas o que me
doía, agora, era um passado próximo. "

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