Fortalecendo

4 de julho de 2010

A volta



Não posso negar que fiquei contente quando soube que ela voltaria. Apesar de todos os desentendimentos que sempre tivemos, não poderia negar que seu retorno me deixou um pouco aliviada; só assim eles ficariam menos tensos.
Os golpes que a vida lhe dera cada vez mais pareciam fazer com que seu cérebro congelasse e se tornasse auto-destrutiva. Suas atitudes impensadas cada dia mais a levavam por um caminho perigoso e por vezes sem volta.
Sempre senti um carinho imenso por ela e talvez seja por isso que me preocupo tanto assim, mas prefiro não demonstrar esse sentimento, assim com tantos outros. Isso me torna menos vulnerável. Sempre fui muito parecida com meu pai. Personalidade forte, prazer em estar sempre certa (mesmo não estando, muitas vezes). 
Sempre na defensiva e pronta para atacar a qualquer momento, fui traída pelos meus sentimentos. Quando fui avisada de que ela chegaria naquela noite, senti uma alegria imensa em pensar que dentro de poucas horas eu estaria novamente com aquela pessoa irritante e tão diferente de mim à distancia de um abraço.
Fiquei um tanto apreensiva, no entanto, imaginando também que estando de volta ela poderia talvez voltar a vê-lo, e isso seria para aquele senil casal o maior desgosto de suas (já não muito longas) vidas. Conversamos sobre isso e ela foi enfática ao dizer que não queria mais saber de sua presença. Respirei aliviada ao ouvir aquilo. Na tarde do dia seguinte ela foi encontrar-se com suas amigas. O destino (ou seja lá o que for) é mesmo muito irônico, é um menino arteiro a nos pregar peças. Assim que ela chegou no clube, onde suas amigas a esperavam, avistou ele, que não sabemos por que milagre não veio falar com ela.
Enquanto isso, em casa, com o coração aos pulos, aquele senhor de cãs bem penteadas, aguardava mais uma vez, apreensivo, temendo o fatídico encontro, mas não demorou muito ela voltou para casa, com aquela expressão de "tanto-faz!" que já conhecíamos tão bem.
Todos tiramos duzentos quilos de grilos das nossas cabeças naquela hora. Era o primeiro dia depois da sua volta e nunca antes nos sentimos tão unidos. Estava tudo tão natural, tão como antes. As mesmas expectativas, os mesmos medos. Tudo aquilo que nos faz sentir em casa. Sensações únicas que só vivenciamos quando os laços que nos unem são mais importantes do que qualquer protocolo. Ela estava de volta. Era isso que importava. Lágrimas e risos. Tudo novamente. 


(*P*)

2 comentários:

Unknown disse...

E no final das contas, o que importa é isso... o que a gente sente... o que se quer sentir de verdade. Nem sempre estamos livres da dor. Afinal, estamos vivos.. e quem vive SENTE!!

E no amor por certo haja isso... Lágrimas e risos... era isso que importava!

Paula disse...

Demorou mas usou as palavras certas, Carlos. Beijos