Fortalecendo

5 de julho de 2010

Meu namorado imaginário


Meu namorado imaginário é um pouco mais velho que eu. Não é um garoto, mas um homem. Sabe o  que quer,  é cheiroso, charmoso. Por onde ele passa arranca suspiros e olhares de mulheres das mais diferentes idades. Ao lado dele fico toda orgulhosa por saber que ele é meu, que ele me escolheu para ser sua.
Ele gosta de música romântica e de ver filmes em domingos chuvosos, debaixo do edredom. Comer pipoca, andar sem rumo, pisar folhas secas. Tudo isso e outros pequenos prazeres da vida.
Meu  namorado imaginário tem os cabelos lisos, fininhos. De vez em quando ele passa a mão por entre os fios, fazendo pender sobre a testa um pouco daquele castanho macio. Meu namorado tem as mãos bonitas, dedos alongados que me fazem tremer quando se entrelaçam aos meus.  Podemos passar horas assim, de mãos dadas, apenas deitados olhando para o teto. Podemos nos entender  pelo simples toque das mãos, por um olhar ou um suspiro.
Meu namorado imaginário está comigo sempre, mesmo quando não está. E ele é capaz de me surpreender a cada dia, com uma simples mensagem sms, ou uma florzinha catada no muro. Ele sempre está pronto para me ouvir, mas também sabe a hora de calar.
Às vezes  quando acordo, num sábado ensolarado, meu namorado imaginário já preparou o café da manhã e colheu uma florzinha no jardim  para alegrar nossa mesa (como se precisasse mais alguma coisa que não ele).  Às tardes de sábado ele gosta de sair sem rumo, sentar num banco de praça e observar as pessoas que passam. Ou então saímos a pedalar por aí, sentindo o vento  em nossos corpos quentes pelo  exercício.
Meu namorado imaginário não é perfeito. Seria muito chato se fosse. Ele tem  defeitos como todos os outros, mas que são amenizados pela beleza de seu caráter e pelo fato de que eu não conseguiria mais viver sem esses defeitinhos encantadores. Até o que eu detesto nele, eu amo. É contraditório, mas é isso.
Às vezes meu namorado imaginário fica bravinho. Faz bico, se fecha em silêncio, mas não resiste aquele olhar que é só nosso e caímos os dois em gargalhadas incontidas. Ficamos ali, deitados no chão como duas crianças. O coração no mesmo compasso.  Os olhos fixos um no outro.  E é nesse momento que podemos ouvir mentalmente a nossa música.
E será assim quando nos cruzarmos numa rua qualquer. Olho no olho e a música tocando em nossas cabeças. Ele vai saber que sou eu e enfim eu o terei encontrado.

(*P*)


[Versão para o texto de Elenita Rodrigues. Concurso literário "Meu namorado(a) imaginário(a)"]

3 comentários:

Jessica disse...

Nossa..um amigo imaginário não seria melhor?kkk

Paula disse...

Pois é Jhessi, seria bem mais fácil ter um amigo imaginário. hhehe Esse é o tema de um concurso literário q eu to participando. Espero que tenha gostado do texto e da nova cara do meu cantinho. beijos. Volte sempre.

Thai-chan disse...

Coisa mais perfeita que já li