Fortalecendo

24 de setembro de 2010

Quero ser um urso panda 2



De repente bateu uma tristeza, um aperto no peito, um nó na garganta. Sabe aquela sensação de que você está perdido, não tem pra onde correr e também não pode ficar? Aquela sensação de que por mais que você se esforce não conseguirá mudar nada do que está incomodando.
De repente me deu uma vontade de sair correndo,  embarcar no primeiro avião com destino a São Paulo, Goiânia, Iraque, Tunísia... Qualquer lugar. Vontade de cair no mundo como se diz, de me perder no meio da imensidão do universo. De transitar no meio de gente desconhecida, gente apressada.
Vontade de me sentar em algum bar desses que ficam à meia-luz e pedir uma dose dupla de qualquer bebida forte, cowboy. Beber tudo num gole só, como se estivesse bebendo a própria vida em um copo liso. Vontade de acender um cigarro e ali mesmo, no balcão de um bar qualquer, chorar todas as dores do mundo até soluçar, até borrar toda a maquiagem. Até ter bebido a garrafa toda.
De repente bateu aquela necessidade de ter alguém que cuide de mim, que me proteja, que não me deixe sofrer,  que me ponha no colo, que simplesmente me abrace quando eu precise. Me bateu aquela vontade de ser um urso panda, que todos querem cuidar, preservar. Pooorra!! Ninguém me preserva... Mas uma hora isso vai acabar. Ah vai, e aí vai ser a minha vez de sair para a luz, erguer a cabeça e olhar para frente. Sem medo, sem reservas... 


23 de setembro de 2010

Faça


Tem dias que tudo que a gente deseja na vida é ter um lugar pra descansar a cabeça. Ficar longe de tudo e de todos apenas tentando ouvir os próprios pensamentos. Um tempo só seu, sem  ninguém perto, sem nada que possa desviar a atenção um só minuto. Você quer ficar sozinho com seus sentimentos, sozinho com sua dor, suas lágrimas, seus pesares e apesares. Você precisa tirar de foco o olhar.
Ouvir uma música bem dolorosa, de preferência uma que te faça lembrar dos momentos que viveu com alguém que já não está mais ao seu lado. Ou que te faça pensar nos momentos que você gostaria de ter vivido ou estar vivendo com alguém .Ou apenas uma que te faça sentir confortável na própria pele. Uma que te acalme, que te faça exteriorizar todas as lágrimas contidas durante muito tempo. 
A vontade que dá é de sentar no meio fio da calçada e debulhar em lágrimas, sem se importar com transeuntes curiosos e eventuais ofertas de ajuda. A vontade é de sair correndo sem direção e nem hora pra voltar. Pegar o primeiro ônibus sem nem perguntar par onde vai. Simplesmente ir. Sair, correr, andar, voar, flutuar, chorar. Chorar até esvaziar. Chorar até tirar os duzentos quilos da alma. Até começar sentir novamente a leveza que vem depois de esvaziar o coração. 
Quando bate esse sentimento, não tem nada melhor, nada que funcione mais do que simplesmente sentar e chorar. Talvez se você aliar a isso uma barra das grandes de chocolate meio amargo você consiga se sentir melhor. Ou não, talvez você sinta que engordou dois quilos quando acabar. E aí pode ser que você se sinta pior ainda. Mas no momento não. No momento vai ajudar que é uma beleza. Então, haja o que houver, sinta como você se sentir, faça o que precisa ser feito, seja chorar, caminhar sem rumo, devorar uma barra inteira de chocolate. Apenas faça o que seu coração está pedindo, apenas deixe-se levar pelo que sua alma deseja. Depois é depois, você resolve outra hora.

22 de setembro de 2010

Silada


Que coisa... Mais uma vez você sabe que está entrando na maior furada da sua vida e quanto mais se dá conta disso, mais e mais o perigo te atrai. Você sempre acha que pode parar quando quiser, que não vai se apaixonar, que tem tudo sob controle. Você quer acreditar nisso, você precisa acreditar nisso. E por um certo tempo você até acredita mesmo, mas de repente você percebe que não é nada disso. Que você está completamente entregue e que vai sofrer, se ferir e chorar até seus olhos incharem.
E quando você se dá conta, já não tem nada mais a fazer a não ser, viver aquilo, torcendo para que dure para sempre, até que a primeira briga os separe. Nossa, que visão mais pessimista não é mesmo? É... talvez seja mesmo, mas acontece que depois de tantas vezes passando por isso, a gente passa a temer mais, porém não a ponto de evitar, de manter-se longe, de afastar-se enquanto há tempo. E sofre tudo de novo. E jura que será a última vez, que nunca mais vai se apaixonar assim, que agora aprendeu a lição. Que isso, que aquilo...
Qual nada! Você continuará igualzinha, sem tirar nem por. A mesma ingenuidade, a mesma crença de que não é ingênua, de que superou e blá, blá, blá...
E o que é que se pode fazer? Como já disse o poeta,"quando chega a paixão, justamente a razão é a primeira a ceder." O negócio é esse aí mesmo... Cair e levantar. Apaixonar e desapaixonar, sorrir e chorar. É a tênue linha entre amor e ódio. Duas caras da mesma moeda. O negócio é viver, e viver por inteiro, porque o tempo passa e não volta. E é melhor arrepender-se de ter vivido do que não ter tido coragem para se arriscar. Isso sim é que dói.

16 de setembro de 2010

Só eu sei


Tenho medo.
Medo do que você ainda é capaz de despertar em mim, mesmo depois de tanto tempo. Medo, pois cada dia que passa percebo que se você estalasse os dedos, eu iria voltar correndo pra você, como um cão corre em direção ao dono, ao menor sinal de afeto.
Me dói ainda quando minha memória olfativa traz de volta teu cheiro, misturado com o cheiro do teu cigarro, impregnado no meu corpo. Me dói lembrar dos cigarros que fumamos deitados lado a lado olhando para o teto, sem palavras, apenas sentindo a presença do outro. Ainda me dói lembrar da vontade que sentia em dizer "te amo" e do medo de estragar tudo naquele momento. Ainda me dói pelas vezes em que eu disse que amava e a resposta não foi recíproca.
Tenho medo, pois você é e sempre será a única pessoa pela qual nutri o melhor sentimento. O melhor e o pior. O mais puro e verdadeiro. O mais intenso e profano. A única pela qual aceitaria qualquer provação. A única pessoa a me fazer chorar como um bebê e a única pela qual eu me sujeitaria a viver tudo novamente.
Odeio a modo como isso me afeta, odeio o modo como não te odeio nenhum pouco. É a única dor que desejaria sentir de volta se fosse para estar contigo novamente. Odeio perceber que todo esse tempo nada mudou, apenas acalmou, aquietou num cantinho do meu coração. Mas está lá, como um vulcão adormecido do qual se percebe apenas uma leve fumacinha. É sinal de que ainda está ali, esperando o momento certo de pular pra fora...
Tenho medo. Medo por você ter a capacidade de me fazer sentir assim, completamente vulnerável. Sujeita a abandonar tudo que conquistei e correr de olhos fechados em direção ao abismo que você representa. Só eu sei o quanto preciso me segurar para não largar de uma mão que me segura e pegar na tua. Só eu sei o quanto custa querer alçar vôo e ter as asas cortadas. Só eu sei...


5 de setembro de 2010

Frágil



Frágil – você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. Um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável. Bali, Madagascar, Sumatra. Escreverá: penso em você. Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse. Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo. Parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos começa a passar.


(Caio Fernando Abreu)

4 de setembro de 2010

Cara nova, de novo

Não se assuste, esse é sim o blog que você costuma frequentar. Fique tranquilo, é só mais uma mudancinha básica no visual. Você que vem sempre aqui sabe da inconstância desse blog, então, tire a mão do mouse a aprecie a nova fase do blog. 
Estamos quase chegando a 4 mil visitaa aqui no blog e isso me deixa muito feliz, pois quando comecei a postar aqui, a intenção não era nem sequer que ele fosse visto por alguém. Era pra ser algo bem secreto mesmo. Ha, ha, ha, secreto na rede é difícil não é gente?!
Mas enfim, só queria dizer mesmo que vocês são ótimos, que me deixam muito feliz com a visita de vocês e que espero que gostem das mudanças aqui no blog. Comentem, digam o que acharam, se gostaram ou não. Não estou tentando agradar a ninguém, apenas vou adaptando ao que me agrada, esperando assim deixar mais a minha cara. Beijinho a todos.

1 de setembro de 2010

You will Survive



Você está ali, bem bela, sentada diante de um prato de batatas fritas mergulhadas no ketchup, quando aquele cara que abalou suas estruturas dá o ar da graça. Você tenta, sem sucesso, disfarçar a ansiedade. Limpa a boca no punho do casaco roxo de veludo cotelê, mas deixa as provas do crime expostas na ponta dos dedos ensopados de óleo de girassol.
Arruma a cadeira, joga as melenas pro lado, dá um up no decote e fica feito uma boba procurando uma frase de efeito para a próxima cena dessa esquete que você não ensaiou. Qual é, mocinha, vai ficar aí, parada feito uma coluna do templo, esperando a chance da sua vida passar?
Sim, eu sei que você fez novena, promessa, acendeu vela pra Santo Antônio, rezou Pai Nosso, trezentas e duas Ave Marias, e agora que a belezura está ali, sentadinha da Silva amém, bem diante do seu nariz, o neurônio direito resolveu travar. Coragem, meu bem. Segura na mão de Deus e vai.
Vai lá e mostra que sobreviveu ao tsunami emocional que foi o fim da história de vocês. Conta pra ele que, apesar da novela mexicana, sua integridade está intacta, seu emprego está bombando e que seus glúteos (ah, bendita hora que você resolveu treinar) estão mais durinhos que a rapadura de açúcar que a madrinha dele te ensinou a fazer. Fale da sua viagem para Tenerife, mostre as unhas que você parou de roer e comente, quase sem querer, sobre a dívida quitada daquele carro que ele te ajudou a escolher.
Esqueça a sua tragédia amorosa, os finais de semana regados a pipoca, chocolate e filmes com a Meg Ryan inchada de tanto chorar. Ele não precisa saber nada sobre o seu inferno astral, sobre aquela calça de moletom horrível que você adotou e o quanto a fotografia de vocês dois apaixonados na Praia do Coco tem te feito sofrer. Os seus exorcismos são só seus, ninguém mais precisa entender.
Volte para a vida, Eurídice. E siga para a mesa depois. Esse boa pinta que está atrapalhando o seu campo de visão não vai abrir mão do copo de chopp para salvá-la das trevas que você mesma escolheu. You will survive sem ele, benzinho. Peça um drinque e pague pra ver.


(Marjorie Bier)