Fortalecendo

22 de abril de 2010

Família



fa.mí.li.a


Substantivo feminino.
1.
Pessoas aparentadas que vivem, geralmente, na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e os filhos.
2.
Pessoas do mesmo sangue.
3.
Origem, ascendência.
4.
Art. Gráf. O conjunto dos caracteres ou dos tipos com o mesmo desenho básico.
5.
Biol. Reunião de gêneros

Eis aí a palavra e sua definição. Mas não é tudo. De repente tudo que você sabe sobre essa instituição vai por água abaixo e você não sabe mais quem é. Ou nunca soube. Aqueles que você conhecia e reconhecia como seus pais, seus irmãos, agora já não são. 

De repente descobre outros irmãos, outra família. Descobre um outro mundo. Um mundo novo cheio de perguntas sem respostas e informações desencontradas. Um mundo de dúvidas e sentimentos controversos.
Mas tudo tem dois lados. Se por um deles você está muito bravo, triste e até revoltado por não saber da verdade antes, por outro lado você está feliz por saber que agora tem uma nova família, uma nova oportunidade de ser feliz. E o que resta a fazer agora? Viver esse momento e tirar uma lição disso tudo, de que a mentira tem as pernas curtas e que não podemos perder a esperança. Porque família nem sempre é aquela que te criou. Família sempre vai continuar sendo aquela que te deu à vida.

20 de abril de 2010

¢σятαя σѕ ρяóρяισѕ ∂єƒєιтσѕ



ミ★αтé ¢σятαя σѕ ρяóρяισѕ ∂єƒєιтσѕ ρσ∂є ѕєя ρєяιgσѕσ. ηυη¢α ѕє ѕαвє qυαℓ é σ ∂єƒєιтσ qυє ѕυѕтєηтα ησѕѕσ є∂ιƒí¢ισ ιηтєιяσ.★彡 

αรรiм єυ vєjσ α vidα



α vidα тєм dυαร fαcєร:
 ρσรiтivα є иєgαтivα
 σ ραรรαdσ fσi dυяσ
 мαร dєixσυ σ รєυ lєgαdσ
 รαbєя vivєя é α gяαиdє รαbєdσяiα
 Qυє єυ ρσรรα digиificαя
 мiинα cσиdiçãσ dє мυlнєя,
 αcєiтαя รυαร liмiтαçõєร
 є мє fαzєя ρєdяα dє รєgυяαиçα
 dσร vαlσяєร qυє vãσ dєรмσяσиαиdσ.
 иαรci єм тємρσร яυdєร
 αcєiтєi cσитяαdiçõєร
 lυтαร є ρєdяαร
 cσмσ liçõєร dє vidα
 є dєlαร мє รiяvσσ
 αρяєиdi α vivєя.


 Cσяα Cσяαliиα

18 de abril de 2010

Atrevida



"Estou mais atrevida
Mordaz e ferina
Estou cheia de vida
 Sagaz e ladina
Já não Sou mais a mesma
Respiro outros ares
Navego outros mares
São tantos olhares
 Convites, sorrisos
 Eu gosto, eu preciso
Pois é..."

Isabella Taviani

17 de abril de 2010

[Traga-me para a vida]



Como você pode ver através de meus olhos

como portas abertas
Conduzindo você até meu interior.
onde eu me tornei tão entorpecido;
Sem uma alma.
Meu espirito dorme em algum lugar frio,
até que você o encontre e o leve de volta pra casa.



(Acorde-me.)
Acorde-me por dentro.
(Eu não consigo acordar.)
Acorde-me por dentro.
(Salve-me.)
Chame meu nome e salve-me da escuridão.
(Acorde-me.)
Obrigue meu sangue a fluir.
(Eu não consigo acordar.)
Antes que eu me desfaça.
(Salve-me.)
Salve-me do nada que eu me tornei.



Agora que eu sei o que eu não tenho
Você não pode simplesmente me deixar.
Respire através de mim me faça real.
Traga-me para a vida.



Traga-me para a vida.
(Eu tenho vivido uma mentira/Não há nada lá dentro.)
Traga-me para a vida.

Congelada por dentro, sem o seu toque,
sem o amor, querido.



Todo esse tempo.
Eu não posso acreditar que eu não pude ver.
Me mantive no escuro.
mas você estava lá na minha frente.
Eu tenho dormido há 1000 anos, parece.
Eu tenho que abrir meus olhos para tudo.
Sem um pensamento.
Sem uma voz.
Sem uma alma.
(Não me deixe morrer aqui/Deve haver algo a mais.)
Traga-me para a vida.


(Evanescence)

14 de abril de 2010

As palavras


As palavras são boas. As palavras são más. As palavras ofendem. As palavras pedem desculpas. As palavras queimam. As palavras acariciam. As palavras são dadas, trocadas, oferecidas, vendidas e inventadas. As palavras estão ausentes.


Algumas palavras sugam-nos, não nos largam... As palavras aconselham, sugerem, insinuam, ordenam, impõem, segregam, eliminam. São melífluas ou azedas. O mundo gira sobre palavras lubrificadas com óleo de paciência. Os cérebros estão cheios de palavras que vivem em boa paz com as suas contrárias e inimigas. Por isso as pessoas fazem o contrário do que pensam, julgando pensar o que fazem. Há muitas palavras. E há os discursos, que são palavras encostadas umas às outras, em equilíbrio instável graças a uma precária sintaxe, até ao prego final do disse ou tenho dito. Com discursos se comemora, se inaugura, se abrem e fecham sessões, se lançam cortinas de fumo ou dispõem bambinelas de veludo. São brindes, orações, palestras e conferências. Pelos discursos se transmitem louvores, agradecimentos, programas e fantasias. E depois as palavras dos discursos aparecem deitadas em papéis, são pintadas de tinta de impressão - e por essa via entram na imortalidade do verbo. E as palavras escorrem tão fluidas como o "precioso líquido". Escorrem interminavelmente, alagam o chão, sobem aos joelhos, chegam à cintura, aos ombros, ao pescoço. É o dilúvio universal, um coro desafinado que jorra de milhões de bocas. A terra segue o seu caminho envolta num clamor de loucos, aos gritos, aos uivos, envoltos também num murmúrio manso, represo e conciliador... E tudo isso atordoa as estrelas e perturba as comunicações, como as tempestades solares. Porque as palavras deixaram de comunicar. Cada palavra é dita para que se não ouça outra palavra. A palavra, mesmo quando não afirma, afirma-se. A palavra não responde nem pergunta: amassa. A palavra é a erva fresca e verde que cobre os dentes do pântano. A palavra é poeira nos olhos e olhos furados. A palavra não mostra. A palavra disfarça. Daí que seja urgente moldar as palavras para que a sementeira se mude em Seara. Daí que as palavras sejam instrumento de morte - ou de salvação. Daí que a palavra só valha o que valer o silêncio do ato. Há também o silêncio.




O silêncio, por definição, é o que não se ouve. O silêncio escuta, examina, observa, pesa e analisa. O silêncio é fecundo. O silêncio é a terra negra e fértil, o húmus do ser, a melodia calada sob a luz solar. Caem sobre ele as palavras. Todas as palavras. As palavras boas e as más. O trigo e o joio.


Mas só o trigo dá pão.







 (José Saramago)

13 de abril de 2010

Que sua vida mudasse


Ela já não sabia mais o que esperar daquele casamento. Cada fim de tarde a mesma agonia lhe tomava conta por completo. Ficava imaginando que desculpa ele usaria desta vez, onde diria que esteve, que mentira iria contar...
Em quase 6 anos de casamento as coisas nunca estiveram assim tão confusas. Tudo parecia degringolar em uma  velocidade nunca antes vista. Todo o sentimento que nascera entre os dois naquela primavera parecia agora definhar. O encanto antes cultivado cedeu lugar à desconfiança, à descrença numa possível mudança de atitudes.
Naquela noite ele chegou já eram quase 23hs. Onde estaria, imaginou. Quando ouviu o barulho do portão abrindo começou a pensar nas noites em que passou esperando ele chegar. Não foram poucas. Tantas noites de sono perdidas, esperando alguém que poucos anos antes não cogitava afastar-se dela por mais de 10 ou 12 horas. E quando ele finalmente chegava, ao invés de sentir-se mais tranqüila, o coração parecia-lhe pesar uma tonelada, todo aquele ritual acontecia todas as vezes: contar onde estava, com quem. Brigas, discussões, palavras que iam cortando mais que lâminas. Em seguida ele dormia e ela chorava. Chorava por horas. Amanhecia em claro, com olheiras enormes, olhos vermelhos. 
No dia seguinte, como se nada tivesse acontecido ele conversava normalmente com ela, banalidades, geralmente. Lhe espantava a sua capacidade de fingir que nada tinha acontecido ali. Ou então, não lhe dirigia a palavra, como se fosse ela quem tivesse passado a noite fora e voltado completamente embriagada para casa. Passava dias inteiros com o coração esfacelado, sem vontade de sorrir, sem vontade de viver. Pensava em tantas coisas através das quais pudesse dar cabo de tudo aquilo mas infelizmente (ou felizmente?) lhe faltava coragem para qualquer atitude extremada.
Assim que ele entrou em casa naquela noite, foi logo dizendo que não tinha feito nada demais, que não tinha feito mal a ninguém. Não sabia ele que estava fazendo mal sim. A ele mesmo. A ela e ao filho também, que via o pai somente poucos minutos pela manhã. Isso lhe doía mais que a sua própria dor. Ouvir o filho perguntando do pai. Ele sentia falta de estar com seu pai. De brincar. De simplesmente tê-lo perto. Mas isso seu egocêntrico pai não percebia. Achava que estar junto durante o sono era estar presente. A primeira infância, assim como as outras fases da vida de uma pessoa, passam depressa demais e não voltam jamais. O que deixamos de viver hoje não poderá ser vivido amanhã, pois o amanhã poderá não chegar.
Ela já não aguentava mais aquilo, estava infeliz demais e sem esperança. Sem esperança de que seu amor voltasse a ser aquele por quem ela se apaixonou naquela noite em que foram para casa, caminhando juntos  numa noite agradável de primavera.
Não, ela não queria separar-se dele! Apenas queria ser feliz. Queria que fossem felizes como já haviam sido um dia. Queria que o filho crescesse numa família unida e estável, diferente daquela em que foram criados. Tudo que ela queria era que se findassem as mentiras e as meias verdades. Que findassem as noites insones e os olhos inchados, que terminasse de uma vez por todas com a agonia que vinha junto com os fins de tarde.
Que sua vida mudasse. Que suas vidas mudassem. Enquanto isso não acontecia ela ia tomando, junto com seus remédios, uma dose de coragem para poder arriscar-se no desconhecido. E o desconhecido era o instante seguinte...

7 de abril de 2010

Sala de espera



        
Quando ela chegou faltavam quinze minutos para as treze horas. Foi direto ao balcão, assinou alguns papéis e sentou-se. Ficou a observar uma senhora idosa que ali se encontrava também a assinar fichas de atendimento.
Ficou imaginando qual seria a história daquela velha figura de pele enrugada pelo tempo que tudo olhava por trás de suas lentes pousadas sobre o nariz. Por que estaria ali? Qual seriam suas queixas? Como teria sido sua infância? Quem seria ela, afinal...

Passaram-se longos minutos desde que ela entrara naquela sala de inquietantes paredes verdes. Silêncio. De onde estava pode ver quando entrou outra mulher, esta mais jovem porém.  Veio-lhe quente às narinas aquele cheiro de cigarro. Aparentava cinqüenta anos embora muito provavelmente não tivesse mais do que quarenta. “O cigarro maltrata a pele e envelhece”, pensou. A mulher sentou-se balançando freneticamente as pernas... “Síndrome das pernas inquietas” – foi o que lhe veio à mente.

Não muito depois chegou Dilermando. Já o conhecia. Haviam  trabalhado na mesma escola no ano anterior. Os dois estavam ali pelo mesmo motivo. Passaram a conversar banalidades, sobre como estava o tempo, o pessoal do colégio onde trabalharam, o futuro.

Assim, no decorrer das horas, muitas outras figuras humanas foram aos poucos chegando. Dirigiam-se ao balcão, assinavam papéis e esperavam. Esperar. Era o que ela fazia... Esperava o tempo passar depressa, esperava o sono chegar, esperava o despertador  tocar pela manhã... Esperar  um dia em que acordasse mais feliz. Menos triste seria o termo mais correto a aplicar. Esperar por um dia em que não se sentisse do tamanho de uma ervilha na pata de um elefante. Mas o pior de tudo era a espera que muito provavelmente ela nunca veria chegar ao fim: esperava o dia em que tudo aquilo chegaria ao fim.

E essa esperava já se arrastava por anos. Foram muitos anos com uma faca de dois gumes a lhe dilacerar o coração. Cada dia ela aprofundava o corte um pouquinho...  Por quê? Quem dera soubesse! Não havia um motivo aparente, algo que se pudesse dizer: é por isso ou por aquilo... Era por tudo e por nada ao mesmo tempo.

O fato é que doía-lhe muito. Uma dor que a desatinava, que a fazia pensar em coisas que nunca antes havia passado pela sua anuviada cabeça. Pensava em soluções fatais... definitivas, mas para nada tinha coragem. E isso a enfraquecia ainda mais...

Perdeu-se em pensamentos por longos minutos enquanto  observava as pessoas a sua volta. Cada uma estava ali por algum motivo que ela desconhecia. Cada qual com seus problemas, cada um com suas dores.

Enquanto aguardava naquela sala fria, de cadeiras desconfortáveis, anotava mentalmente as reações de cada um ali. Alguns moviam-se de um lado a outro, alguns, de pernas cruzadas moviam-nas rapidamente enquanto outras fitavam o nada. Seus olhos pareceram-lhe sem vida, sequer piscavam. Pareciam estar inertes.

Trocou algumas palavras com Dilermando enquanto olhava para a porta que dava para a rua. Sua vontade era sair correndo sem direção, jogar-se na frente do primeiro carro que cruzasse à alta velocidade. Correr sem rumo até que suas pernas não mais agüentassem.  Talvez assim, exausta, sentisse menos o coração, a alma...

Foi trazida de volta a realidade quando ouviu uma voz atrás do balcão a lhe chamar: “A senhora pode passar, por favor.”  

Foi-se. Assim que entrou ele foi logo perguntando como ela tinha passado. “Pergunta idiota” , pensou. Se estivesse bem não estaria ali naquela tarde. Era elementar, mas mesmo assim foi contando aos poucos àquele homem o que lhe trouxera ali novamente: noites insones, coração apertadinho no peito, vontade louca de sumir num passe de mágica.

Conforme ela ia relatando, ele ia anotando tudo em sua ficha e enquanto ele escrevia, sua melancolia, sua dor, seu peso ia aumentando . Já poderia prever a hora em que se desfaria em lágrimas incontidas ali mesmo naquele consultório também verde. (Aquele verde das paredes realmente a incomodava muito!)

Dobrou-lhe a dose de seus medicamentos. Assim que saiu da sala, deu uma olhada ao redor e notou bem todos aqueles rostos sem sorrisos, sem brilho no olhar. Pessoas tão distintas entre si, ninguém igual a ninguém, no entanto todos unidos por algo em comum: o mesmo espinho a lhe ferir o coração, a alma e também o estômago.

1 de abril de 2010

Tudo

O que eu preciso




Eu preciso de alguém que me dê segurança. Preciso de alguém que, pelas atitudes me faça perceber que posso confiar, que posso contar com o amor e a compreensão.
Preciso de alguém que,para junto comigo, ir em frente buscando um amanhã melhor, mais promissor..
Não preciso de carícias. Preciso de carinho. Não preciso de palavras ditas apenas pela boca. Preciso daquilo que vem do coração e se expressa também pelo silêncio de um olhar.
Preciso de alguém em quem me apoiar quando eu fraquejar diante dos percalços dessa vida. Preciso de alguém com quem conversar mas que realmente me escute com atenção. Não preciso de alguém que investigue caixas de entrada e mensagens instantâneas... Isso eu dispenso.
Preciso poder esperar em paz quando a pessoa sair, sem medo de que ela volte ébria... Mentindo coisas sem fundamento..
Preciso do amor companheiro e não apenas de amor com interesse somente em prazer, satisfação própria.
Preciso de alguém que me ajude a levantar quando meus joelhos não mais aguentarem e eu cair...
Preciso de uma mão segurando a minha como puro sinal do afeto.
O que eu preciso é de alguém que, estando junto, eu não me sinta só; que estando longe, eu me sinta perto. Preciso de alguém que me respeite e que não minta. Eu preciso de demonstração de sinceridade a apego por mim e pelo que eu represento...